segunda-feira, 8 de março de 2010

O QUE É UM MÁRTIR CATÓLICO?

Pelo cônico José Luiz Villac


O vocábulo “martírio” vem do grego, através do latim “martyrium”, que significa TESTEMUNHO.

Nos Tratados de Teologia a Igreja assim define o “Martírio”: é a tolerância, ou seja, a aceitação voluntária e sem resistência da morte corporal — e de todos os tormentos que a acompanharem — infligida por ódio à Fé ou à virtude cristã. É o Testemunho perfeitíssimo da Fé. É o Martírio no sentido estrito do termo.

São portanto indispensáveis — para que haja Martírio no sentido estrito — os três elementos acima sublinhados, a saber: 1) aceitação voluntária; 2) da morte corporal; 3) perpetrada por ódio à Fé.

Houve, no entanto, nos primórdios do Cristianismo, casos em que, embora não se verificando os três requisitos, a Igreja considerou -- e até nossos dias celebra -- os seus protagonistas como Mártires.

Servem de exemplo os Santos Inocentes, chacinados por Herodes (festa no dia 28 de dezembro); São João Evangelista, que saiu ileso da caldeira de azeite fervente (festa no dia 6 de maio); ou as Santas Apollonia e Pelágia que, para a guarda da virtude, buscaram a própria morte (festa no dia 9 de fevereiro).

Estes são Mártires e venerados como tais, no sentido lato da palavra (cfr. Santo Tomás, Bento XIV).
No caso em que se é colocado ante a alternativa, ou morrer ou apostatar da fé católica, o cristão tem que escolher a morte e os tormentos que lhe são infligidos.

A prova de que uma pessoa é mártir, é o entregar sua vida sem resistência aos algozes. O que não quer dizer que os católicos não possam resistir e se defenderem. Os que resistem e se defendem, conforme o caso, podem até ser santos. Poderão até ser canonizados. Em certas circunstâncias pode até haver obrigação de se defender, por exemplo quando da conservação da própria vida depende evitar uma profanação ao Santíssimo Sacramento. Porém os que assim agem não são mártires no sentido estrito

O martírio é uma graça específica, e muito alta, que Deus dá a alguns mas que não exige de todos.

Por que a Igreja só canoniza como mártires os que não se defenderam? Porque aquele que se defende e resiste, pode fazê-lo por amor à Fé, mas pode também fazê-lo pelo sentimento natural de conservação da própria vida.


Este último sentimento, embora legítimo, não caracteriza o martírio.
Ora, como a Igreja não tem meios de conhecer os sentimentos interiores da alma do católico que morreu se defendendo, ela não pode canonizá-lo. Ao passo que, aquele que poderia ter salvo sua vida renunciando à sua Fé ou defendendo-se, e não o fez, dá uma prova evidente de que era movido por amor à Fé.

Os primeiros cristãos, embora perseguidos por causa de sua fé, ou de suas virtudes, não tramavam uma revolta coletiva, uma revolução, para derrubar as autoridades pagãs.

Eles procuravam conquistar o Império para a Fé, através das orações, da pregação, mas sobretudo dando o testemunho do martírio.
Nota-se que houve uma moção do Espírito Santo para que, em conjunto, eles agissem assim.
Foi diferente, por exemplo, no tempo das Cruzadas, em que o sopro do Espírito Santo movia os cruzados à luta.
Não foi por meios violentos que Deus quis implantar a semente inicial do Cristianismo. Mas pela oração e pregação coroadas pelo testemunho de tal quantidade de mártires, quis mostrar a incomparável superioridade da Religião de Cristo, que forjava homens, mulheres e crianças da têmpera daqueles que passavam por tormentos atrozes e empenhavam a vida por amor a Deus, dando heróico testemunho de Cristo.

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Nota:
"Temos aí uma questão de juízo de valor cultural, os Mulçumanos também podem considerar seus seguidores, épicos nas batalhas Cruzadas e contemporâneos, como seus homens bomba, tão mártires quanto nossos santos e santas católicos.
Com todo o respeito à ambas as religiões, pois só com respeito e tolerância, conseguimos ser filhos de Deus, ainda que cada um tenha que aceitar e respeitar o Deus do outro"!

Claudia Baibich

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